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  2. Juliana Araújo (Krishna Priyah)

Kundaliní

 'Quando a deusa adormecida Kundaliní é despertada pela graça do mestre, então todos os lótus sutis e vínculos mundanos são atravessados. A pessoa deve elevar com firmeza e força a deusa Kundaliní, porque ela é adoradora de todos os poderes miraculosos.'

Shiva Samhit

Kundaliní é a energia sustentadora da vida, força vital presente em todos os seres, poder que dá a vida ao Universo. Tudo é energia, segundo a ciência, tudo ao nosso redor e dentro de nós é Kundaliní uma palavra sânscrita (língua indiana) que provém da raiz “kundol” e significa enrolada ou espiral. Pois é assim mesmo que essa energia é representada no ser humano, uma serpente enrolada na base da coluna adormecida 'esperando o toque' para despertar e iniciar seu movimento de ascensão através da coluna.

Para o Yoga o ser humano é a representação ou reflexo de todo o Cosmo, a representação microcósmica, ou seja, tudo o que há no universo, está também, no 'universo humano'.

Segundo o escritor Sir John Woodroffe, no seu livro “El Poder Serpentino”, define:

“Kundaliní é a representação corporal individual do grande poder cósmico, que cria e sustenta o universo. Quando esta Shakti individual, que se manifesta como a consciência pessoal (jiva) se absorve na consciência de Shiva supremo, o mundo se dissolve para esse jiva e se obtém a liberação. O despertar e o estímulo ascendente do Kundaliní Yoga é uma forma dessa fusão do indivíduo na consciência universal, ou união dos dois, que é a finalidade de todos os sistemas de Yoga da Índia.”

Kundaliní é então, a força que move todo o Universo e também a força que move o indivíduo. Essa poderosa energia é a responsável por desenvolver no ser humano seus diferentes potenciais. Sabe-se que usamos em média 10% de nossa capacidade cerebral, o Yoga desenvolve os outro 90% e nos ajuda a penetrar em diferentes dimensões do nosso Ser, utilizando-se dessa energia. No Curso de formação para instrutores de Yoga que leciono na Humaniversidade, os alunos aprendem diversos exercícios para se trabalhar com essa energia tudo de forma lenta e gradual, aprendendo seus benefícios, os diversos corpos energéticos e os cuidados para ativar essa poderosa energia.

Essa energia vem sendo estudada ao longo dos anos, como no caso dos psicanalistas Freud, que a chamou de libido e tentou utilizá-la com efeitos terapêuticos e Reich que a chamou de orgone. Para despertar essa energia é necessário a orientação de um mestre que saiba realmente como orientar o yogi a conduzir e realizar a meta suprema do Yoga, conhecida como samadhi (iluminação). O ideal é a ativação desta energia de forma lenta, gradativamente com práticas constantes de Yoga e meditação e persistência. Como diz o mestre Sivananda: “Sem Kundaliní não há samadhi.”

O despertar da Kundaliní provoca um intenso calor que pode ser percebido numa prática intensa de ásanas (posturas psicofísicas) e pranayamas (exercícios yogis de respiração). Ela vai subindo através dos chakras e nádís, num processo sistemático e gradual, desenvolvendo, assim, poderes latentes de cada centro energético, de cada chackra. O objetivo do Yogi ou Yogini (praticante masculino e feminino) é deter o poder de controlar sua energia vital (prana) concentrando-a no chackra básico (muladhara chakra) e assim a conduzir pelo canal da coluna (sushumná nadi), levando e movimentando essa energia por todos os centros (chackras) até chegar ao chackra coronário (sahásrara chackra) atingindo assim, samadhi.

Um clarão intensamente abrasador brota no corpo. Kundaliní adormecida, aquecida por esse abrasadomento, desperta. Tal como a serpente tocada por uma vara, ela levanta-se sibilando; como se entrasse em sua toca, introduz-se na brahmanádi (sushumná).” HATHA YOGA PRADIPIKA

Este é um pequeno resumo com apenas algumas das características dos chackras e uma breve explicação de nádís, lembrando que este é um assunto vasto e que requer não somente estudo intelectual mas principalmente praticar yoga para sentir a presença dessas energias sutis e a meditação para que se atinja o conhecimento supremo.

Chackras e nádís

A ciência da qual estão embasados os conhecimentos de chackras, nádís e Kundaliní foram construídas a partir de vivências subjetivas e experiências principalmente intuitivas dos grandes sábios meditadores indianos. Ao trabalhar com a profunda percepção do corpo, os indianos constataram a presença de fluxos, que foram associados as funções orgânicas, sem nenhum conhecimento de anatomia. O que flui pelo corpo é muito sutil, percebido somente através da meditação profunda por isso é chamado de 'fisiologia sutil'. Essas energias sutis foram classificadas pelos indianos em várias categorias denominados vayus (ventos) cada energia responsável por uma função orgânica específica. Funções como excreção, distribuição, respiração, absorção, movimento, etc...

Os canais por onde fluem os vayus são chamados de nádís, que totalizam 72.000 canais pelo corpo, segundo os textos tradicionais.

As três nádís principais são ída, píngala e sushumná. Ída conecta-se com a narina esquerda, energia lunar, feminina iniciando seu trajeto serpenteando a coluna descendo até o muládhára chackra. Píngala conecta-se com a narina direita, energia solar, ativa e masculina e percorre o trajeto cruzando com a energia Ída. Sushumná sobe pelo eixo central da coluna, e estes três canais se entrecruzam em vários pontos.

Os pontos onde há cruzamento desta três energias são denominados Chackras. Somam sete centros principais e localizam-se ao longo da coluna, verticalmente, no corpo energético. Cada Chackra contém um mantra (som meditativo), uma cor, uma divindade protetora, uma forma geométrica e uma função, aspectos que só podem ser transmitidos pessoalmente por um instrutor de yoga. São eles,(os principais) detalhados na ordem de baixo para cima:

Múládhára chackra - significa 'fundação, base, suporte'. Conhecido popularmente como chakra básico. Localiza-se nos órgãos genitais e na pélvis, relaciona-se as gônodas sexuais e governa o sistema reprodutor. Aspectos que são trabalhados neste nível são a sobrevivência, alimento, segurança, auto realização e valores.

É neste chackra que mora Kundaliní e também ída e píngala, que é por onde o Yogi começa a controlar a energia através de exercícios de respiração e meditações.

Swádhisthána chackra – 'significa morada do Ser', fundamento de Si. Conhecido popularmente como chackra esplênico ou umbilical. Localizado na lombar e abaixo do umbigo, e relaciona-se com as glândulas supra renais, rege o sistema circulatório, rins, bexiga e coluna vertebral.Responsável pelas energias da paixão, da sensualidade, da criatividade.

Manipura chackra – Significa 'cidade das pedras preciosas', conhecido como plexo solar. Localizado acima do umbigo, rege todo sistema digestivo, fígado, vesícula, pâncreas, estômago e também sistema nervoso. Responsável pelo poder pessoal e individualidade.

Anáhata chackra – O 'intocado, o som não produzido', conhecido como chackra cardíaco. Situa-se no tórax, e conecta-se com a glândula timo, tornando-se responsável pelo sistema imunológico. Aspectos a serem trabalhados neste nível é a compaixão, o amor incondicional, a verdade e o perdão.

Vishudha chackra – 'Centro da pureza', chamado de laríngeo. Está relacionado com inspiração, a comunicação e a forma de expressar-se no mundo. Localiza-se na garganta e rege a glândula tiróide. Responsável pela comunicação interna e externa e o esclarecimento que conduz a consciência.

Ájña chackra – 'autoridade, poder'. Localiza-se entre as sobrancelhas e relaciona-se com a glândula pituitária. Conhecido como 'terceiro olho ou chackra frontal'. Aqui se processam os estados intuitivos, a conexão com a consciência e a capacidade de não julgamento.

Saháshara chackra – 'mil pétalas'. Localiza-se no alto da cabeça e é chamado de coronário. É a porta da espiritualidade, do samadhi, da iluminação, do reconhecimento divino em todos os seres. Espiritualidade plena, transcendência da natureza egóica são os funções desse chackra.

Veremos agora uma seqüência de ásanas balanceados para despertar essa energia gradativamente, lembrando que isso requer treino e disciplina. Para uma prática mais elaborada e consciente, é necessário um instrutor competente que tenha uma vasta experiência no assunto. Algumas posturas podem assustar pelo grau de dificuldade, mas para um praticante assíduo, são bem simples. Esta seqüência é baseada no método de Hatha Yoga do mestre Sivananda. Lembre-se que o primeiro preceito ético do Yoga é não violência, portanto, não agrida o seu corpo respeitando seus limites naturais.

Sirshásana ou pouso sobre a cabeça.

Sarvangásana ou postura da vela.

Halasana ou postura do arado.

Matsyasána ou postura do peixe.

Ardha - matsyendrasana ou postura de Matsyendra.

Ardha shalabhasana ou meio gafanhoto

Dhanurásana ou postura do arco

Bhujangásana ou cobra

Adho mukka svanásana ou cachorro olhando pra baixo

Paschimotánasana ou pinça

Padahastasana ou mãos nos pés

Kakasana ou postura do corvo

Mayurasana ou pavão

Trikonásana ou triângulo

Natarajasana ou postura de nataraja (shiva bailarino)

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